sexta-feira, novembro 12, 2004

Sinfonia do Desespero

Do alto me vejo no cume da cidade. É de noite e oiço o tenebroso som das cornetas da loucura, repetida e desarmoniosamente. São os sons da perversa noite que nunca se recolhe para descansar. Daqui do alto, pauso o percurso da minha viagem, para avistar todas as passadas que já conquistei. Em tons de melancolia apercebo-me que a dura batalha ainda nem começou. Pobres e fracas as almas que se entregaram cobardemente às mãos da pérfida noite e agora gritam tentando impor-se. Saberão elas que esse grito será o seu grito de despedida? O caminho da loucura é o caminho da auto-destruição. Dia a dia, segundo a segundo, os desgraçados terão menos de si, implodindo-se progressivamente... De nada serve gritar quando o pior já está feito, não se contraria o mal através de tal falsa convicção. Apenas se assume tamanho desespero e é por isso que, com alguma tristeza, eu gasto alguns momentos neste priveligiado posto a ouvir a contorcida sinfonia...

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